segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

o nosso final da 57ª volta a paranhos

desta vez levámos a máquina para a corrida e foi possível filmar os metros finais da nossa participação neste (quase mítico) evento.

ainda se pode ver também, mesmo no final do vídeo, a satisfação do nosso amigo Paulo Costa por ter atingido o seu objectivo de pela primeira vez completar 10 km abaixo da uma hora. Parabéns, Paulo!




quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Running to the Sunset (21 de Junho)

Foi com bastante antecedência que, desta vez, fomos nós os desafiados pelos amigos Sílvia e Eurico para participar em mais um evento. Apesar dos 17 km, não foi muito difícil convencerem-nos. Apenas teríamos que avaliar se o Pedro poderia deslocar-se a Lisboa nesse fim de semana. De resto, à data, não havia mais qualquer constrangimento.


Disponibilidades confirmadas, ainda antes da Sílvia e do Eurico, formalizámos a nossa inscrição. Como sempre, nem quis ver a altimetria do percurso. Falar em iniciar no centro de Sintra e finalizar no Cabo da Roca, por si só, já daria para imaginar a dificuldade da distância e que algumas partes do percurso não seriam fáceis. Contudo, também daria para perceber que, se teríamos que subir, as descidas também haveriam de ser generosas.


Não obstante a antecedência com que nos inscrevemos, rapidamente chegou o dia da corrida. A expectativa era grande, não só pelo percurso que decerto iria ser fantástico, como pelo próprio conceito desta corrida: “Running to the Sunset”, Sintra – Cabo da Roca.


O dia foi relaxado, contudo, e como sempre, saímos cedo de casa. Pouco passava das 15h00 e fizemo-nos à estrada. Após um pequeno desvio para ir buscar os nossos amigos que já tinham chegado a Lisboa na noite anterior rumamos em direcção a Sintra. Estacionámos o carro num parque perto do centro e deslocámo-nos até uma esplanada para lanchar com a devida antecedência. Como ainda estávamos com tempo, por ali ficámos a pôr a conversa em dia. 


Faltando menos de uma hora para a corrida, dirigimo-nos ao carro para nos equiparmos a rigor e voltámos de seguida ao local da partida – na Volta do Duche, junto ao Palácio da Vila - onde estava a decorrer um enérgico aquecimento, bem orientado por um animado treinador. Juntámo-nos ao grupo até porque, contrariamente à semana anterior, não estava tanto calor quanto o esperado, o que até iria facilitar a nossa participação.

fotografia de Jesus Events

Pelas 18h30, e sem atrasos, soou o sinal de partida. Partimos os 4 juntos, mas fruto da forte e prolongada inclinação inicial cedo nos fomos afastando um pouco, seguindo cada um ao seu ritmo. Os primeiros 5 km foram intensos e duros e, sinceramente, já rogava pragas a tamanha subida interminável, pensando que uma corrida de 17 km não poderia começar com uma subida de 5 e assim com tanto declive… Devagar lá consegui atingir o cimo da montanha, onde nos esperava o 1º abastecimento. Recuperadas as energias, nunca mais pensei nos 5 km que haviam passado e só desfrutava do restante percurso plano ou a descer (ainda que após o segundo abastecimento voltássemos a enfrentar uma subida difícil, ainda que curta, com menos de 1 km), onde, em alguns km, bati mesmo o record de velocidade sem me dar por isso. Principalmente nos km finais, tais eram as descidas que as pernas e os pés já rolavam sozinhos. Simultaneamente desfrutava e retinha na memória a beleza de todo o percurso que nos conduzia até ao Cabo da Roca: Rampa da Pena, Zona Florestal da Peninha, Azóia. 

fotografia de Jesus Events

Passada a área florestal, entramos em zonas residenciais, onde os habitantes saiam à rua para nos acenar, dar força e incentivar. Até fotos nos tiravam. Isso motivava-nos e ainda nos fazia correr com mais empenho: não podíamos defraudar todas aquelas pessoas que estavam a despender de um pouco do seu tempo para nos apoiar. A escassos km de terminar a prova, e depois do percurso que já ficava para trás, este incentivo faz-nos recuperar toda a energia necessária para nos fazer sentir como se estivéssemos, naquele momento, com a frescura e a leveza de quem está ainda a iniciar a corrida. Depois, foi deixar-nos levar pela estrada, já a visualizar o mar e mesmo prestes a terminar… Ao cortar a meta, a alegria de mais uma prova superada e de mais uma experiência que só nos é possível quando participamos em eventos organizados. Todos “comemoramos” o final do desafio pelas conquistas pessoais que o cortar da meta traduziu para cada um. 

fotografia de Jesus Events

No final, levantámos os sacos com as nossas roupas quentes e secas, que a organização tinha tratado de transportar para o final, pusemo-nos confortáveis, tirámos as habituais fotos no local de chegada e entrámos num dos autocarros que nos esperava para nos conduzir de volta ao local de início.


Ao chegar a Sintra, mais do que o cansaço, a fome apertava, pelo que decidimos jantar mesmo por ali. E uma pizza, porque depois de todo aquele esforço, nós merecíamos!

Agora sim, satisfeitos! Hora de voltar a casa para o desejado descanso.


Não poderíamos terminar o nosso testemunho sem deixar uma palavra de apreço à organização, que não deixou que nada faltasse: boa animação inicial, percurso bem sinalizado, polícia em todos os cruzamentos que contribuiu para a total segurança de todos, abastecimentos qb, transporte de sacos pessoais dos participantes e autocarros que nos levaram de volta ao centro de Sintra sem qualquer percalço. Well done!


segunda-feira, 28 de julho de 2014

trail Douro e Paiva (13 de Julho)


Este deve ter sido, com quase 100% de certeza, o evento em que nos inscrevemos com maior antecedência. Era uma primeira edição (com todas as vantagens e desvantagens que daí advêm) mas isso não nos assusta e, até por esse motivo, sentíamos que havia oportunidade de ajudarmos a fazer história e, quem sabe, dar início a uma nova série de eventos anuais. Adicionalmente, seria disputado numa das regiões mais bonitas do país, que apesar de conhecermos já não visitávamos há algum tempo. Mais uma vez, teríamos a participação numa corrida como desculpa para fazer um passeio. Assim, validámos as nossas inscrições logo em Janeiro (e já não fomos os primeiros!).

O plano era, aparentemente, simples. Tirávamos a segunda feira de férias e, deste modo, podíamos passar o fim de semana tranquilamente em Cinfães. Pois, aparentemente… 


Acontece que, por diversos motivos, na semana anterior ao evento ainda não tínhamos alojamento. E o cerco apertava-se, o tempo começava a escassear. Até porque havia um pormenor… dois dos nossos cães teriam de fazer a viagem connosco o que, à partida, limitaria as opções disponíveis. Mas a persistência é uma das nossas características, por isso não desistiríamos sem dar luta!


Gorados então os nossos projectos previstos, voltámo-nos para os contactos que a organização sugeria no site como soluções de alojamento. Entre os que estavam já cheios, os que eram fora do nosso orçamento para este efeito  e os – muitos – que não aceitavam animais, fomos ficando sem alternativas. Após um breve momento de desapontamento, repensámos e decidimos fazer dois contactos: um com a organização do evento, neste caso o André, outro com um grupo de entusiastas do BTT que costuma organizar uns passeios na Gralheira, os KunalamaAD Portela Rota do Românico, na pessoa do Bruno Bartes.


Este último, à imagem do que tinha acontecido em Dezembro passado aquando do anterior contacto que tínhamos mantido, foi inexcedível e ultrapassou largamente aquilo que solicitámos (que, na nossa perspectiva, já era uma enorme favor): contactou directamente a proprietária de uns alojamentos rurais que, apesar de não ter vagas, lhe transmitiu dois contactos para que pudéssemos falar directamente. Num deles, mal fizemos a primeira pergunta “aceitam cães?”, deram-nos uma grande alegria com a resposta “sim, aceitamos cães, gatos, passarinhos, o que quiserem trazer!”. Há respostas mesmo boas de ouvir! Mas logo de seguida, nova desilusão: “na noite de sábado estamos cheios”. Tentámos o outro contacto: também estavam completos! A esperança começava a esmorecer….


Estávamos já a pensar não passar o final de semana, mas fazer a viagem na madrugada de domingo e arranjar alojamento apenas para um dia, até segunda feira. Ponderávamos a hora a que seria necessário sair, o cansaço da viagem e a forma como influenciaria a corrida, toda a logística para nós e para os cães para uma noite apenas. E onde ficariam os cães enquanto estávamos no trail? No carro? E o calor? E se formos só no domingo e voltarmos no próprio dia?


Todas estas questões nos passavam pela cabeça, e íamos discutindo cada uma delas, quando o telefone toca: “ligaram para aqui a saber se podiam trazer cães? Vocês querem de sábado até segunda, certo? Tivemos agora mesmo uma desistência, já temos a noite de sábado livre”. Maravilha! Uma rápida conversa e ligamos de volta à D. Emília, da Casa daGeada, a confirmar: ficamos com o quarto!


Sábado de manhã ainda era dia de trabalho (para o Pedro, a Anita podia ficar a descansar) e, para que não avançasse pela tarde dentro, começou bem cedo. Tudo correu bem pelo que eram 15h e já estava tudo no carro, cães incluídos, e pronto para nos fazermos à estrada. Viagem calma, uma parte em auto estrada e outra nas estradas de serra, com direito a paragem na barragem do Carrapatelo para umas fotos e tudo! Em breve estávamos bem no centro de Cinfães, para levantar os dorsais e poder conviver um pouco com os amigos que também já lá se encontravam.


Depois foi seguir para a nossa casa para esse fim de semana, a cerca de 25 minutos de carro, para podermos descarregar tudo, descansar um pouco e jantar. Na viagem para lá tentávamos memorizar o caminho para que no dia seguinte, bem cedo, não houvesse atrasos, além de irmos tentando ver locais onde pudéssemos ir jantar. A primeira função foi vitoriosa, na segunda não tivemos sucesso. Não havia restaurantes por perto.

fotografia de João Pena Rebelo
Por sorte, ou talvez não, na chegada ao turismo rural fomos muito bem recebidos, por pessoas fantásticas e que nos puseram logo muito à vontade, inclusivamente deixando-nos optar pelo quarto que mais nos convinha (por causa dos cães), pois mais nenhum dos hóspedes tinha ainda chegado. Apesar disso, acabámos por ficar no que nos foi sugerido, o mais perto da porta que dava para o exterior. De seguida uma visita guiada pela casa e pela totalidade da oferta disponível: sala de leitura, sala de convívio, sala de televisão, sala de jogos, jardins, piscina, churrasqueira, enfim, praticamente um mundo naquele pedaço de serra. Aproveitámos a boa vontade para questionar sobre o jantar, prontamente sendo servidos com um cartão de um restaurante na Gralheira, a cerca de 10 minutos de carro (na ida, porque na volta, já de noite e sem conhecermos, demorámos um pouco mais, mas sem nos perdermos).

fotografia de João Pena Rebelo
No regresso do jantar, apesar de não ser tarde, apenas demos um pequeno passeio com os cães pelos jardins da quinta, conversámos um pouco com os proprietários e fomos para o quarto preparar tudo para a corrida e deitar, pois a alvorada seria bastante cedo na manhã seguinte. E, depois de uma noite mal dormida, fosse por estanhar o local fosse por alguma ansiedade, ainda o dia não tinha clareado e já o nosso despertador tocava para irmos ao pequeno almoço e passear os cães. Depois de tudo tratado, ainda com a lua no céu, fizemo-nos ao caminho e, pelas 7h00, estávamos já no centro de Cinfães, de onde sairia o transporte que nos levaria ao ponto de partida, a ponte de Mosteirô.

fotografia de João Pena Rebelo
Como sempre, encontrámos alguns amigos com quem falámos um pouco e ainda deu tempo para ir tomar café e só depois entrámos num dos autocarros para seguir viagem para o local de início. Aqui as coisas começaram a correr um pouco mal para o Pedro: apesar de a viagem não ser muito demorada, era pela estrada de serra, sempre em curva e contracurva descendo em direcção ao rio. Este facto aliado ao calor que estava dentro do autocarro, fez com que ele se começasse a sentir indisposto. Não era nada bom ficar assim antes de ter de correr 18 km pela serra. Felizmente, como a partida ainda demorou e, por isso, pudemos estar algum tempo na ponte, apanhando ar fresco, essa indisposição passou e quando chegou a hora de começar a correr já tudo estava bem. Entretanto, mais umas conversas, incluindo com um colega de Lisboa que nunca imaginaríamos encontrar ali e, como não podia deixar de ser, as inevitáveis fotografias, quer nossas quer da linda paisagem. Até um barco de cruzeiros no Douro passou, para toda a gente poder ver a excelente oferta turística da região.


Agora sim começaria a dureza. E que dureza! Nem 500 m tinham passado e estávamos já a subir. E isto seria uma constante praticamente até ao final. Segundo os registos dos nossos gps, esta foi a corrida, de todas as participámos até hoje, em que mais subimos, onde o acumulado de desnível positivo foi maior. Mesmo quando apareciam pequenas descidas, além de difíceis, algumas quase de rappel, eram curtas. O que valia era a paisagem, o ar puro (excepto quando apanhámos algum pó) e os vários km junto ao rio, algumas vezes mesmo dentro de água.

fotografia de João Pena Rebelo
No segundo abastecimento, o primeiro com sólidos, aproveitámos para parar um pouco mais, comer umas frutas e batatas fritas, para repor energias, ingerir um pouco de isotónico e preparar-nos para o que ainda tínhamos pela frente. Mas nada dos podia preparar para o que ai vinha. Depois deste ponto, e após um pequena descida difícil e escorregadia em calçada romana, passámos uma pequena ponte de pedra e…. começámos a subir, a subir, a subir, a subir…. Enfim, parecia que não havia mais nada no mundo. A determinada altura, não sabíamos quanta subida ainda faltava, parámos um pouco, para fotos mas sobretudo para respirar, e decidimos que aquilo não nos iria tirar o ânimo. Há vários km que não corríamos, apenas caminhávamos – ainda que em passo rápido – e, em vez de nos frustrarmos com isso, decidimos brincar: “para caminhada estamos num ritmo forte!” e “para a próxima inscrevemo-nos na caminhada!”.


Mais à frente, não sabemos bem quantos km mas muito tempo depois, chegámos a um novo abastecimento. E, no espírito de bom humor com que vínhamos, o Pedro voltou-se para um dos rapazes e pediu uma posta arouquesa. A resposta não tardou: “posta não temos, mas está aí um presunto muito bom”. E não é que era mesmo? Excelente presunto e paio, que ingerimos satisfeitos, mais batatas fritas e um pouco de coca cola, além de fruta e bebida isotónica. O difícil aqui foi não comer demais e resistir a ficar ali a comer em vez de seguir com a corrida.

fotografia de Pedro Beco
Mas já estávamos ali, agora era mais um esforço até superar mais um desafio. Assim sendo, lá recomeçamos a correr, mas por pouco tempo, pois a subida continuava. E continuava, e continuava, até finalmente estarmos num ponto em que víamos que não podia haver muito mais para subir. É que já não havia mais terreno para cima. E de facto assim foi: demos uma volta para chegar mesmo ao topo e depois começou aquilo que viria a ser uma parte do percurso sempre a descer, divertida, com partes de solo mole em que dava para saltar sem medos do impacto no solo, até chegar ao empedrado onde já se avistava o topo da igreja junto da qual estava instalada a meta. E foi assim que, sempre a descer e quase fazendo esquecer todos os km de subidas até aí, fomos chegando cada vez mais próximo do final, vendo os aventureiros que já tinham terminado e o aglomerado de pessoas que assistiam à chegada de todos aqueles “malucos” que andavam desde madrugada a correr pela serra, com aquele calor. Já bem perto da meta, quem vemos senão a Ana Luísa e o Paulo, sempre com a sua boa disposição, fazendo fotografias mas sobretudo festejando a chegada de cada participante, especialmente dos amigos, como se fossem eles próprios a concluir esta etapa. E com o passar da meta terminámos mais esta aventura, mais este desafio, superámo-nos mais uma vez! 

fotografia de Ana Luísa Xavier
Claro que depois não fomos logo embora. Fizemos uns alongamentos enquanto trocávamos impressões com companheiros, assistimos à chegada de mais uns quanto participantes e aguardávamos que uns amigos aparecessem na curva para completarem a sua prova. Mas porque a fome já apertava e o calor também, tivemos de ir ao banho, na escola com boas condições e água bem quente (dir-se-ia até quente demais para a temperatura ambiente; é pena alguns eventos no inverno não terem banhos com água assim quente) e ao almoço disponibilizado pela organização, numa outra escola, mas também com boas condições e boa relação qualidade/preço.

Quando voltámos à zona de meta, já os nossos amigos tinham terminado. Ficámos tristes por não ter lá estado para acompanhá-los nos metros finais de tão alto desafio (tinham ido todos para o ultra, de 60 km) mas sabemos que não estavam sozinhos, estava lá quem os recebesse condignamente. Ficámos mais um pouco sentados na sombra, aplaudindo e incentivado quem ia chegando até que, pela hora avançada, tivemos de ir embora para podermos passear os cães, pois já tinham passado muitas horas desde que o tínhamos feito.


E aqui começava uma nova fase desta aventura. Depois de passear os cães, e aproveitando o calor que estava e as condições do local, pudemos aproveitar quase duas horas a relaxar junto da piscina, em que a Anita ainda dormiu um pouco, nadar, conviver com um outro casal com crianças que lá estava e conversar mais com a dona da casa. Depois disto, hora de tomar banhoca e tratar do jantar, que gentilmente nos permitiram preparar na cozinha da casa principal, comer acompanhados pela D. Emília e pelo Sr. Agostinho, lavar a louça e de seguida passarmos todos para a sala da televisão para, entre conversa animada e uma bela aguardente velha, íamos todos deitando um olho à final do campeonato do mundo de futebol.


Na manhã seguinte, depois do pequeno almoço excelente, com direito a bolo caseiro e tudo, pudemos voltar a passar algum tempo aproveitando os jardins e paisagem, sentados no baloiço em frente à piscina, antes de arrumarmos tudo calmamente para fazer a viagem de regresso pela “rota turística”, sempre pela estrada o mais junto ao rio possível, até chegar ao Porto, o nosso destino para esse dia. Depois? Bem, depois acabou a aventura, terminou o fim de semana, o tempo deixou de estar parado. Recomeçava o trabalho. Agora há que esperar pela próxima oportunidade. Ou procurá-la, talvez seja melhor!


PS – este relato ficou um pouco longo. Mas desta vez não podíamos contar apenas a parte da corrida. Este evento foi toda uma aventura, todo um pack indissociável. Esperamos que tenham tido a paciência de o acompanhar até ao fim, que é sempre onde está a “meta”. Obrigado!

sábado, 26 de julho de 2014

corrida jumbo autódromo do Estoril (15 de Junho)


Um dos motivos que nos leva a participar em eventos é termos uma desculpa para visitar locais onde se calhar não iríamos, pelo menos tão cedo. Outro dos motivos, igualmente válido, é poder ter a possibilidade de correr (ou andar de bicicleta) em sítios onde de outra forma não seria possível. A localização desta corrida é um desses casos.

Se é possível a qualquer pessoa correr no parque da cidade, no parque das nações, nas zonas ribeirinhas, na marginal, sempre que lhe apeteça, já não acontece o mesmo com zonas privadas ou habitualmente destinadas a outros fins. Por isso, quando vimos o anúncio que a corrida jumbo do Estoril seria no autódromo, não hesitámos e tratámos logo de validar as nossas inscrições.


Numa manhã muito agradável, daquelas em que não custa nada sair da cama, por muito cedo que seja (nem que fosse para ir trabalhar), depois de passear os cães e deixar tudo tratado em casa, lá tomámos o IC19 em direcção a Sintra, sempre com larga antecedência para podermos ir sem pressas e ter alguma margem caso surja algum imprevisto.

Chegámos fácil e rapidamente ao autódromo (uma dica: as placas indicadoras de direcção apontam para um caminho que, sendo efectivamente rápido e fácil, implica o pagamento de taxa portagem; se forem para o autódromo em dia ou hora em que não haja muita confusão de trânsito, o melhor é seguir o caminho antigo, pela nacional 9, e evitar esse custo adicional), mas verificámos que já estava muita gente no recinto, pois o parque de estacionamento já estava praticamente completo e havia já quem deixasse a viatura na rua paralela. Não se pense que houve mais gente que o normal a querer chegar mais cedo ao local; o que se passou foi que antes da corrida dos 10 km havia uma série de outros eventos para a família, incluindo corridas para os mais pequenos.


Mesmo assim, conseguimos encontrar um lugar para aparcar o nosso carro no parque e mesmo junto de uma das entradas. Sorte de ser um sítio um pouco escondido e estarmos com um carro pequeno. De qualquer forma, estava tudo muito bem organizado e sinalizado. 

Como o sol começava a ficar alto e as previsões para esse dia eram de muito calor, não facilitámos e a nossa preparação passou por abusar do protector solar, bem como por não esquecer dos chapéus e óculos, além do cinto de hidratação com água fresca. Estes são dois pontos onde muita gente facilita: não colocar o protector solar e confiar apenas nos abastecimentos que as organizações disponibilizam. Neste caso não faltou água para todas as pessoas, quer para ingerir quer com mangueiras que molhavam os participantes, mas a verdade é que não custa nada ter líquidos extra, que podemos consumir fora dos pontos de abastecimento. E relativamente ao protector solar, a nossa saúde não tem preço!


Muita animação junto ao paddock, com música, actividades para as crianças, espaços comerciais, enfim, um sem número de ofertas para preencher tempo até à hora do evento principal. Aproveitámos este tempo para estar na sombra, enquanto fazíamos um pequeno aquecimento e, como não podia deixar de ser, tirávamos as primeiras fotografias do dia.

Já no local de início da corrida, a grelha de partida da pista, como seria de esperar, mais umas fotos e a procura por caras conhecidas. Desta vez não encontrámos nenhum amigo mas vimos várias pessoas que já conhecemos destas andanças. E simultaneamente sentimos um pequeno nervoso miudinho que nos dizia “vais correr no asfalto do autódromo”!


Alertamos desde já todos os que pensam que uma pista de automóveis é plana: isso é mentira! E nós percebemos isso ainda no primeiro km quando, depois de percorrer toda a recta da meta, fazemos a primeira curva à direita e começamos uma descida. Eh, lá! Se isto desce também há-de ter de subir. E, logo depois, mais uma curva à direita e uma longa subida para a recta interior. Bonito, ainda nem 2 km se tinha feito e aquelas subidas aliadas ao calor já estavam a fazer estragos.

Depois seguiu-se uma parte do percurso efectivamente plana, seguida de descidas, para depois, no S em subida muito inclinada, passar por mais umas dificuldades. Mas íamos motivados e enfrentámos todas elas com alegria, ainda com tempo para ir comentando a paisagem. 


Começava a dúvida sobre se fazer a segunda volta, para poder completar os 10 km, não se tornaria monótono. Ainda para mais porque agora que sabíamos como era o desenho do percurso, podíamos adivinhar onde surgiria a dificuldade seguinte. Mas eis que então surge a surpresa: ao entrar na recta da meta virámos à direita, para descer uma pequena rampa que nos levaria, depois de voltarmos à esquerda, por um pequeno caminho paralelo à recta interior onde tínhamos passado antes, para logo a seguir fazer mais uma descida em curva à esquerda, onde era feito o controle dos 5 km. Estávamos a meio da corrida e, neste preciso momento, fora da pista.

Depois do controle, subida para o paddock, que atravessámos, para depois correr pela recta de acesso às boxes, antes de reentrar no asfalto da pista, mas para agora a percorrermos em sentido contrário. Assim se evita a monotonia de correr em circuito e ter de dar duas voltas exactamente iguais. A boa notícia era que as subidas da primeira volta iam ser descidas. O oposto era a má notícia. Sobretudo porque concluímos imediatamente que surgiria uma subida mesmo antes da meta. Mas quando lá chegássemos resolveríamos. 


Sem pensar nisto, apenas continuamos a correr e a desfrutar das paisagens, do percurso e já com o que faríamos depois em mente. Sim, porque tínhamos planos para a tarde, e isso era uma forte motivação!

Depois de cortar a meta e recebermos as nossas medalhas de finisher, bem como mais água e um saco com fruta. Foi então tempo de aproveitar a festa preparada pela organização. A área comercial lá continuava, onde pudemos, entre outras coisas, beber um café, havia uma banda a tocar ao vivo, muito animada e com músicas conhecidas, mesmo a puxar pelo público e a incentivar o divertimento. Ainda foi possível travar conhecimento com um casal do Brasil, com quem trocámos umas impressões sobre a prova, sobre a festa e sobre o nosso país, e que fizeram questão de tirar uma foto com o Pedro – o “Antunes”, como eles diziam - nome de um colega do grupo de corridas que eles tinham lá no Brasil e que, tal como neste dia, o Antunes consegue ficar sempre à frente deles. Infelizmente não ficamos com esse registo…..


A festa estava a terminar, e chegava também a hora de irmos embora. E o nosso destino foi nada mais nada menos que Cascais, onde planeámos uma tarde de praia. E que sucesso de plano! Lá chegados, um sol esplendoroso, um calor bom, vento zero, e uma praia linda e limpa, com bom ambiente, águas calmas e de temperatura amena, onde pudemos abrir a época de banhos com os primeiros mergulhos de mar do ano.

Mais tarde, o regresso a casa depois de um dia excelentemente bem passado, com passeio, desporto, desafio, superação, praia e relaxe…. A vida assim vale a pena!